Monges e Monjas de clausura
Para que servem num mundo como o de hoje?
(Bento XVI, «Angelus» de 19 de Novembro de 2006)
"Há quem pergunte que sentido e que valor
possa ter a sua presença no nosso tempo, no qual numerosas e urgentes são as
situações de pobreza e de necessidade para enfrentar. Por que "fechar-se" para
sempre dentro dos muros de um mosteiro e privar assim os outros da contribuição
das próprias capacidades e experiências? Que eficiência pode ter a sua oração
para a solução dos numerosos problemas concretos que continuam a afligir a
humanidade?
Mas de facto, também hoje, suscitando com frequência a admiração
de amigos e conhecidos, não poucas pessoas abandonam carreiras profissionais
muitas vezes prometedoras para abraçar a regra austera de um mosteiro de
clausura. O que as leva a dar um passo tão empenhativo a não ser o facto de ter
compreendido, como ensina o Evangelho, que o Reino dos céus é "um tesouro" pelo
qual vale verdadeiramente a pena abandonar tudo (cf. Mt 13, 44)? De
facto, estes nossos irmãos e irmãs testemunham silenciosamente que no meio das
vicissitudes quotidianas, por vezes bastante agitadas, o único apoio que jamais
vacila é Deus, rocha inabalável de fidelidade e de amor. "Todo se pasa, Dios
no se muda", escrevia a grande mestra espiritual Santa Teresa de Ávila num
seu célebre texto. E face à difundida exigência que muitos sentem de sair da
rotina quotidiana dos grandes aglomerados urbanos em busca de espaços propícios
para o silêncio e para a meditação, os mosteiros de vida contemplativa
oferecem-se como que "oásis" nos quais o homem, peregrino na terra, pode chegar
melhor às fontes do Espírito e dessedentar-se ao longo do caminho. Por
conseguinte, estes lugares aparentemente inúteis, são ao contrário como os
"pulmões" verdes de uma cidade: fazem bem a todos, também a quantos não os
frequentam e talvez ignorem a sua existência.
Queridos irmãos e irmãs, demos graças ao Senhor, que na sua
providência, quis as comunidades de clausura, masculinas e femininas. Não lhes
deixemos faltar o nosso apoio espiritual e também material, para que possam
realizar a sua missão, que consiste em manter viva na Igreja a fervorosa
expectativa da vinda de Cristo."
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