sábado, 6 de fevereiro de 2010

CONSAGRADOS PARA AMAR
Todos os baptizados são consagrados para amar e servir, para se entregar a Deus de um modo radical. A unção do Espírito, com a sua consagração, faz dos baptizados consagrados com Cristo. Somos um povo sacerdotal. Mas, entre esses consagrados pelo baptismo, Deus chama alguns jovens, alguns homens ou mulheres para os consagrar para o serviço exclusivo d’Ele e dos irmãos, na vida consagrada: religiosos, religiosas, membros de institutos seculares e de sociedades de vida apostólica. Todos consagrados, vivendo o compromissos dos votos, da oferta radical em castidade, pobreza e obediência, para mais amar e servir.
Os votos feitos pelos consagrados são o modo mais eloquente, mais simples e mais radical de estarem disponíveis para o maior louvor e serviço, para amar com um coração mais universal, para servir sendo «tudo para todos». Os consagrados pelos votos já não se pertencem, são de Deus e dos irmãos e querem viver a sua entrega na maior generosidade. Os votos tornam-nos «propriedade pública», para, de coração universal, prestarem o maior serviço, o bem mais universal, a graça de serem para os outros, dando-se de alma e coração, vivendo para amar e servir sempre e a todos.
Qualquer que seja a espiritualidade, qualquer que seja o carisma, o fundador ou a fundadora, a história da ordem, da congregação, do instituto, da sociedade de vida apostólica, todos têm como elo de unidade e de compromisso este amor universal, esta oferta radical, esta graça de serem servos, para que todos tenham vida e a tenham em abundância. Os votos, sendo resposta generosa à consagração de Deus, sendo profissão pública de oferta e de generosidade, tornam-nos cidadãos do universo, sentinelas da esperança, corações em amor e em dádiva total de si mesmos. Querem ser castos, pobres e obedientes para poderem amar mais e servir melhor, para morrerem a si próprios e serem todos para os outros, num compromisso de vida evangélica mais audaz e mais radical.
No meio de um mundo consumista, erótico, onde reina o egoísmo, o egocentrismo, de um mundo seduzido pelo ter, pelo aparecer, pelo poder, pelo prazer fútil e sensual, pela opulência, pela violência da força déspota, pela vaidade ridícula, pelo snobismo social, os consagrados, vivendo os votos, querem, com suas vidas, com seus corações abertos ao amor mais universal, que vence fronteiras de raças, de tribos, de cor de pele, que vence distâncias, culturas, querem, apesar das suas fragilidades, ser pessoas de dom generoso, cada vez mais evangélico. Querem imitar Jesus que foi casto e virgem, que foi pobre e humilde, que viveu a obediência amorosa ao Pai e à sua vontade. Querem escrever com suas vidas um «quinto» Evangelho, passando fazendo o bem e sendo testemunhas do amor de Deus.
A maneira de estar no mundo sem ser do mundo dá-lhes um tom de vida um pouco raro, porque diferente da maioria esmagadora dos cristãos, mas que anuncia o Reino futuro, os novos céus e a nova terra. São sinal do Céu, da pátria celeste onde só se viverá o amor. São sinal dessa comunhão, dessa partilha que o amor realiza. Despojados de si e das coisas, vivendo um amor casto, testemunham a comunhão trinitária e vivem o amor de servos dos irmãos e das irmãs. São homens e mulheres que assumem na vida o lava-pés de Jesus, a graça de ser bons pastores, o dom de ser bons samaritanos.
Querem gritar com suas vidas, seus corações e seu dom sempre mais radical e mais audacioso, que Deus, que os consagrou, é amor e os envia a amar sem medida. Querem, como Santa Teresinha, viver a vocação do amor ou, como Santo Inácio de Antioquia, ser trigo moído para serem «hóstias vivas». Querem, como Inácio de Loiola, viver para a maior glória de Deus, ou como Teresa d’Ávila, sofrer ou morrer por Ele. Vivem a paixão de Catarina de Sena, que fazendo do seu coração uma cela para estar com seu Deus, grita que não deseja outra coisa senão fogo ou sangue, para que a imolação revele mais e mais o amor que a devora. Desejando todos, embora sujeitos a muitas fraquezas e tempestades, glorificar, com suas vidas e seus votos, a Trindade Santa.
Dário Pedroso, s.j
(fonte: Mensageiro do Coração de Jesus [Fevereiro]: http://www.apostoladodaoracao.pt/index.php?a=vjriqhrsulvvunqlvtqtrvrnutqjrvqhrnuiqtqlqoqiqrvsrhrsqlvvqtrtrg&c=0)

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