terça-feira, 26 de agosto de 2008

Serva de Deus
Teresa Enríquez, leiga
“a louca do Sacramento”
fundadora do 2º Mosteiro da Ordem da Imaculada Conceição
Teresa Enriquez nasceu em Valladolid (Espanha) em 1450. Era, portanto, da mesma idade que a rainha Isabel “a Católica”, e prima irmã do rei D. Fernando. Ficou órfã de mãe ao nascer e seu pai, D. Afonso Enriquez, almirante-mor de Castela, entregou a menina à tutela de sua avó, Dª Teresa de Quiñones. Sob a sua responsabilidade, Teresinha foi educada em todo o tipo de virtudes.
Teresa esteve sempre muito unida a Isabel “a Católica”, quer pela sua dedicação à Caridade e à religião, quer por estar casada com um dos homens mais próximo dos reis Católicos (Fernando e Isabel) em todos os negócios de maior importância. Don Gutierre de Cárdenas era Contador Mayor dos Reis Católicos. Teresa era sempre companheira incondicional e colaboradora de Isabel. Destacamos o seu trabalho no longo assédio à cidade de Granada, onde trabalhou como enfermeira carinhosa no Hospital de Sangue de Santa Fé, instalado pela reina. Ali acudia solícita, para todos os serviços mais repugnantes, cuidando e curando os soldados, levando-lhes roupas, ligaduras e alimentos como a mais carinhosa das mães.
Enquanto viveu o seu marido, Teresa devia acompanhá-lo participando inclusivamente nas festas da corte. Contudo, mesmo nestes casos, quando por razão do seu estado tinha que acompanhar o seu esposo elegante e cheia de jóias, dirigia-se ao seu Cristo amado, orando no seu interior com aquelas palavras que chegaram até nós: «Tu bem sabes, Senhor, que estes arreios a mim nunca me seduziram».
Ao morrer Don Gutierre em 1503, Teresa dá um adeus a todo o que é deste mundo e retira-se para a sua Vila de Torrijos, para dar boa conta de todos os seus bens a Deus, repartindo-os em múltiplas obras de caridade, dando-se ela mesma, em primeiro lugar, desprendida de todo o luxo, vestindo e vivendo como pobre, com um hábito de estamenha negra.
Teresa fundou dois hospitais, dotou largamente a raparigas que se davam à má vida para que se casassem dignamente, e também às órfãs em perigo. Em anos de seca e más colheitas, a todos os trabalhadores que quisessem, ela dava-lhe pasto para os animais. Também dava semente e até juntas de bois aos que no os tinham. Tudo isto em troca de rendas simbólicas que Teresa repartia pelos seus pobres.
Tendo tomado conhecimento do heroísmo de caridade do sacerdote sevilhano Fernando de Contreras, chamou-o a Torrijos para assumir a direcção de um Colégio para órfãos, que ela fundou, os quais vestia e alimentava e atendia ela mesma, dirigidos por este sacerdote, vinte anos mais novo que ela, que foi seu grande conselheiro e colaborador nos últimos anos da sua vida.
Quando ainda não existiam os Seminários, Teresa fundou em Torrijos um Colégio chamado de Moços de Coro, porque, ao mesmo tempo que realizavam os seus estudos, encarregavam-se dos louvores divinos, que era a maior alegria e desejo desta alma grande. Aqui fundo as célebres Confrarias do Santíssimo Sacramento, que se estenderam, graças ao seu zelo, por toda Europa e até pela América. A sua finalidade destinava-se a promover e valorizar tudo o que desse maior esplendor ao se culto divino e à atenção aos sacrários abandonados. Segundo a tradição, com as próprias mãos espremia as uvas para que se fizesse o vinho a usar na Santa Missa. Por todas partes, tanto em Espanha como no estrangeiro, tinha uma espécie de detectives que a informavam de como era venerada a Eucaristia. Este culto de amor quis perpetuá-lo fundando mosteiros e conventos para que nunca faltasse o louvor divino. Ela mesma, abrasada no amor da Eucaristia (o Papa Júlio II chamava-a a louca do Sacramento) passava horas e horas diante do Sacrário numa tribuna aonde chegava através de um passadiço que mandou construir desde o seu palácio até à Colegiata do Corpus Christi.
Estimava as almas contemplativas, e através da reina Isabel conheceu e conviveu de muito perto com Santa Beatriz da Silva e sua Ordem da Imaculada Conceição. A santa morreu, contudo Teresa continuou favorecendo as suas filhas. Foi ela a responsável da fundação do segundo Mosteiro da Ordem da Imaculada Conceição, fundada por Santa Beatriz da Silva, o de Torrijos (1507).

O seu corpo, depois de 470 anos da sua morte, conserva-se incorrupto no mosteiro das Concepcionistas (monjas da Ordem da Imaculada Conceição) de Torrijos.
A sua causa de beatificação e canonização iniciou-se em Toledo no ano 2001 e a clausura do processo diocesano deu-se em Torrijos a 30 de Novembro de 2002. Os cardiais já aprovaram o processo diocesano. Com este passo já se pode continuar a trabalhar na redacção da “Positio”, a cuja aprovação seguirá a declaração de virtudes heróicas e o título de Venerável.
Oração
Jesus Sacramentado que quiseste ficar connosco até à consumação dos tempos, pelos méritos da Vossa serva Teresa Enríquez, que pelo seu profundo amor à Eucaristia, mereceu ser designada pelo Papa Júlio II com o sobrenome de “Louca do Sacramento”, nós vos pedimos que nos concedais uma maior correspondência ao Vosso Amor, um maior crescimento do culto, adoração e amor à Eucaristia em todo o mundo e a graça especial que Vos pedimos (enunciar a graça pretendida).
Monasterio de la Inmaculdada Concepción
C/ Ntra. Sra. Del Rosario, 24-45500 TORRIJOS
(Toledo) España
Email: concep-torrijos@telefonica.net
(texto da cronista do Mosteiro Concepcionista da Imaculada Conceição de Torrijos, traduzido e adaptado para Português pelo P. Marcelino José Moreno Caldeira)

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