quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Encontro e renovação...
Se o contemplativo se retira do mundo, não é porque deserte dele ou dos seus irmãos: permanece enraizado com todo o seu ser na terra em que nasceu, cujas riquezas herdou e cujas preocupações e aspirações tentou assumir. É para recolher-se mais intensamente na Fonte Divina, onde se originam as forças que impulsionam o mundo e para compreender a esta luz os grandes desígnios do homem. Com efeito, é no deserto onde, com frequência, é acolhida pela alma a inspirações mais altas. É ali onde Deus moldou o seu povo, ali onde, depois da sua falta, o conduziu “para seduzi-lo e falar-lhe ao coração” (Os 2, 16). É também ali onde o Senhor Jesus, depois de ter vencido o diabo, manifestou todo o seu poder e preludiou a sua vitória de Páscoa.
Não é precisamente de uma experiência análoga que deve renascer e renovar-se em cada geração o povo de Deus? O contemplativo que por vocação se retirou a este deserto espiritual, tem a impressão de se ter estabelecido nas fontes da própria Igreja: não lhe parece que a sua experiência seja exotérica, mas sim típica de toda a experiência cristã. Sabe reconhecer-se nas provas e tentações que assaltam os cristãos. Compreende estas penas e discerne o seu sentido. Conhece toda a amargura e angústia da noite escura: “Meu Deus, meu Deus, porquê me abandonaste?” (Sl 21,2; cf. Mt 27,46); no entanto, também sabe, pela história de Cristo, que Deus vence a morte.
(intervenção de um monge no Sínodo dos Bispos de 1967)

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